
Os militares planejaram se beneficiar do caos, de acordo com o que disse Gilmar Mendes a um jornal da Alemanha.
O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, declarou que os generais brasileiros que integravam o governo de Jair Bolsonaro e flertaram com a tentativa de golpe de Estado apostaram no caos ocorrido em 8 de janeiro para intervir. Em entrevista ao jornal alemão “Frankfurter Allgemeine Zeitung”, Gilmar destacou que a gestão de Bolsonaro foi o principal atentado ao regime político brasileiro desde a redemocratização, especialmente devido à presença de militares em cargos importantes no governo.
Segundo Gilmar, a ameaça feita pelas Forças Armadas de validar o resultado das eleições de 2022, algo que não era de sua competência, representou uma ameaça inédita desde a redemocratização. O ministro ressaltou que os militares apostavam no caos para poder intervir, mas estavam em minoria.
Gilmar questionou o que foi feito de errado para chegar a essa situação e o que poderia ser feito para evitar que algo semelhante acontecesse novamente. Ele apontou uma correlação entre a tentativa de golpe e a falta de regulação das empresas de tecnologia que controlam as redes sociais no Brasil, assim como a Operação Lava Jato e a ascensão do bolsonarismo.
O ministro criticou a Operação Lava Jato e afirmou que a indicação de Sergio Moro para o governo Bolsonaro em 2019 revelou distorções nos julgamentos. Segundo Gilmar, ficou claro que o ex-presidente Lula não deveria ter sido condenado nas circunstâncias em que foi. O ministro também abordou a desinformação nas redes sociais e a importância de as empresas seguirem a legislação brasileira.
Essa entrevista de Gilmar Mendes aborda momentos de crise e tensão política no Brasil, destacando a importância de manter a democracia e o respeito às instituições.
Fonte: Conjur