
A reforma pode resultar em um aumento da carga tributária para as empresas que operam no setor de geração de energia.
Opinião
Transformações profundas no sistema tributário podem redefinir os rumos de um país, especialmente no que diz respeito aos investimentos externos, ao mercado nacional e ao consumidor final. No Brasil, as mudanças propostas no Projeto de Lei Complementar 68/2024, ainda em tramitação, que define os termos da reforma tributária, visam simplificar e modernizar o complexo sistema de tributação, impactando diretamente diversos setores da economia, incluindo o crucial setor de geração de energia.
As novas disposições tributárias tratam da implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e do CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), além do Imposto Seletivo, prometendo alterar significativamente a dinâmica financeira e operacional das empresas de energia, refletindo-se tanto na estrutura de custos quanto na competitividade do setor.
Com uma transição de modelo datada até 2035, o IBS tem natureza estadual e municipal, com alíquota provisionada em 17,7%; enquanto o CBS tem natureza federal, com alíquota estimada em 8,8%. Embora o modelo seja fundado em ideais de justiça, isonomia e simplificação do sistema tributário atual, questiona-se se realmente trará benefícios ao mercado e ao consumidor, especialmente no mercado de geração de energia.
Possibilidade de ônus tributário, equidade e cashback
Considerando a energia elétrica como um dos fatos geradores dos impostos propostos, a devolução de parcela ou totalidade dos tributos às pessoas físicas, destinada às famílias de baixa renda, pode trazer benefícios. No entanto, a execução do cashback depende da edição de uma lei complementar para uma aplicação efetiva, garantindo que não se torne um ônus ao consumidor.
Indústria petrolífera e de gás natural
Os impactos gerados à indústria petrolífera e de gás natural podem afetar o consumidor final, onerando os insumos e reduzindo a competitividade internacional. A inclusão da tributação sobre produtos importados, como o petróleo cru, pode resultar em custos logísticos mais altos e desestimular a atividade no setor. Portanto, é essencial considerar os impactos da reforma tributária no setor de energia para garantir um sistema fiscal justo e sustentável.
Efeito positivo e próximos desdobramentos
Apesar dos desafios, as políticas propostas ao setor de energia também trazem benefícios, como a isonomia no ICMS e a busca pela não cumulatividade plena. A efetivação das previsões do PLP depende dos próximos desdobramentos da reforma tributária, incluindo a edição de uma lei complementar que considere os descontos já concedidos aos consumidores de baixa renda e as particularidades do setor elétrico.
Em resumo, a reforma tributária apresenta desafios e oportunidades para o setor de energia, exigindo uma abordagem cuidadosa e equilibrada para garantir que os benefícios superem os desafios e que o sistema tributário promova o desenvolvimento sustentável do país.
Fonte: Conjur