
Renda a César o que é de César e entregue a Deus o que é de Deus
Os fariseus, religiosos e doutores da lei na época de Jesus Cristo, estavam insatisfeitos com o número crescente de seguidores de Jesus, que se autodenominava o Messias. Eles tentavam encontrar maneiras de incriminá-lo com base em suas palavras.
Em um desses episódios, eles perguntaram a Jesus se era correto pagar impostos a César. Jesus respondeu de maneira astuta, pedindo para ver a moeda usada para pagar o imposto e questionando a quem pertencia a imagem e a inscrição nela. Ao ser informado de que era de César, Jesus disse: “Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou em regime de urgência um projeto de lei que equipara o crime de aborto em gestações acima de 22 semanas ao homicídio, especialmente nos casos de estupro. Essa mudança legislativa levanta questões sobre a interferência de crenças religiosas em debates sociais e legais.
O Direito é uma ciência social que deve se adaptar às realidades da sociedade, regulamentando questões com o objetivo de promover a harmonia social. No entanto, interferências religiosas em temas como uniões homoafetivas, direitos das minorias e aborto podem distorcer a legislação e impor visões específicas a toda a sociedade.
É importante lembrar que a lei deve refletir as práticas sociais existentes, e não impor padrões baseados em crenças pessoais. A criminalização do aborto em casos de estupro acima de 22 semanas é questionável, pois não considera a realidade das vítimas e das famílias envolvidas.
Em resumo, é essencial refletir sobre a mensagem deixada por Jesus Cristo de respeitar tanto as leis terrenas quanto os princípios divinos. A legislação deve buscar a justiça e a equidade, sem se deixar influenciar por interesses sectários ou dogmáticos.
Fonte: Conjur