O gasto do governo brasileiro com juros da dívida pública alcançou um recorde histórico de R$ 835 bilhões nos últimos 12 meses, competindo com a Previdência Social como a maior despesa do orçamento federal. Enquanto a Previdência é constantemente debatida e alvo de reformas, o modelo de gestão do Banco Central é protegido por uma operação de blindagem.

Além disso, a taxa básica de juros da economia, a Selic, determinada pelo BC, também influencia o custo dos empréstimos no setor privado, que totalizam R$ 6 trilhões a uma taxa média de 21,8% ao ano, resultando em R$ 1,3 trilhão de juros pagos pelo setor privado. Assim, o Brasil desembolsa anualmente R$ 2,1 trilhões, equivalente a 20% do PIB, em juros.

Essa situação cria um verdadeiro buraco negro na economia brasileira, drenando recursos de famílias, empresas e governo, impedindo o crescimento do país. Os governantes, ao invés de cobrarem responsabilidade, concedem mais autonomia ao Banco Central, o que levanta questões sobre a quem essa autonomia beneficia.

O dinheiro pago em juros acaba indo para os rentistas, que lucram comprando títulos remunerados a taxas altíssimas. No entanto, esse ganho é ilusório, pois um país sugado por altas taxas de juros não gera riqueza nem cresce a longo prazo, prejudicando a todos.

Com a autonomia do Banco Central e as mudanças legislativas propostas, como mandatos fixos e autonomia financeira, há o risco de o país perder sua soberania e projeto de desenvolvimento nacional. Além disso, o debate sobre a aplicação da ortodoxia monetária no Brasil e a necessidade de uma abordagem mais ampla para lidar com a inflação são destacados.

Em vez de simplesmente aumentar a autonomia do Banco Central, é preciso buscar soluções mais eficazes e coordenadas entre as políticas monetária e fiscal para lidar com a inflação. Dar mais poder ao Banco Central sem resolver a questão dos juros altos apenas aprofunda o problema, criando desigualdade e travando o crescimento econômico.

Fonte: Conjur