
Uma análise considerando as obras “Alice no País das Maravilhas” e “Death Note”
Opinião
Em 1832, nasceu Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido pelo pseudônimo Lewis Carroll, famoso por sua obra “Alice no País das Maravilhas”. Além de escritor, ele foi matemático, reverendo, fotógrafo e desenhista. O livro, apesar de ser uma história infantil, traz reflexões sobre filosofia, sociologia e direito.
Em uma passagem da obra, Alice se vê envolvida em um julgamento peculiar, onde a sentença é dada antes do veredito. Essa discussão levantada por Carroll nos remete aos sistemas processuais penais, que dividem a opinião de doutrinadores e julgadores.
Jacinto Nelson de Miranda Coutinho defende que o princípio unificador que separa o sistema acusatório do inquisitivo está na gestão da prova, enquanto outros acreditam que a separação de funções é a nota distintiva. No entanto, muitas vezes a definição desses sistemas é confusa e subjetiva.
É fundamental que os juízes se distanciem de compromissos com a tese acusatória, buscando uma análise racional da prova. O sistema acusatório foi positivado pelo “pacote anticrime” e o STF tem dado contornos a esse sistema, limitando o texto legal.
O Poder Judiciário deve refletir sobre sua função e se colocar como o terceiro imparcial no julgamento de causas penais. É necessário menos parcialidade e comprometimento com teses pré-estabelecidas.
Em resumo, é importante compreender os sistemas processuais penais e o papel do Judiciário, evitando tornar-se “Kiras” ou “rainhas” ligados ao sistema inquisitivo. A imparcialidade e originalidade cognitiva dos juízes são essenciais para a justiça. É isso que a Constituição exige.
Fontes sugeridas para aprofundamento:
– Processo Penal, por Gustavo Badaró
– Processo Penal: Fundamentos dos fundamentos, por Rodrigo Chemim
– Glosas ao Verdade, Dúvida e Certeza de Francesco Carnelutto, por Jacinto Nelson de Miranda Coutinho
– A iniciativa instrutória do juiz no processo penal acusatório, por Ada Pellegrini Grinover
– Curso de Processo Penal, Tomo I: Fundamentos e Sistema, por Geraldo Prado
Fonte: Conjur